Eu não sirvo de exemplo para nada, mas, se quer saber se é possível,ofereço´me como piloto de testes.
Sou a Miss Imperfeita, muito prazer.
A imperfeita que faz tudo o que precisa fazer, como boa profissional, mãe, filha e mulher que também sou. E, entre uma coisa e outra, leio livros. Portanto, sou ocupada, mas não uma workholic. Por mais disciplinada e responsável que eu seja, aprendi duas coisinhas que fazem milagres.
Primeiro: a dizer NÃO.
Segundo: a não sentir um pingo de culpa por dizer NÃO. Culpa por nada, aliás. Existe a Coca Zero, o Fome Zero, o Recruta Zero. Pois é, inclua na sua lista a Culpa Zero.
E, se não aprender a delegar, a priorizar e a se divertir, bye-bye vida interessante. Porque vida interessante não é ter a agenda lotada, não é ser sempre politicamente correta, não é atender a todos e criar para si a falsa impressão de ser indispensável.
É ter tempo.
Tempo para fazer nada.
Tempo para fazer tudo.
Tempo para dançar sozinha na sala.
Tempo para dar uma escapadinha!
Três dias. Cinco dias! Tempo para uma massagem.
Tempo para conhecer outras pessoas.
Voltar a estudar.
Para engravidar.
Tempo para escrever um livro que nem sei se um dia será editado.
Tempo, principalmente, para descobrir que se pode ser perfeitamente organizada e profissional sem deixar de existir.
Porque a nossa existência não é contabilizada por um relógio de ponto.
Existir, a que será que se destina?
Destina-se a ter o tempo a favor, e não contra.
A mulher moderna anda muito antiga. Acredita que, se não for super, se não for mega, se não for uma executiva ISO 9000, não será bem avaliada. Está tentando provar não-sei-o-quê para não-sei-quem. Precisa de respeitar o mosaico de si mesma, privilegiar cada pedacinho de si. Se o trabalho é um pedação da sua vida, ótimo! Nada é mais elegante, charmoso e inteligente do que ser independente.
Desacelerar tem um custo. Talvez seja preciso esquecer a bolsa Prada, o hotel decorado pelo Philippe Starck e o batom da M.A.C.
Mas, se precisa vender a alma ao diabo para ter tudo isto, francamente, está precisando rever os seus valores. E descobrir que uma bolsa de palha, uma pousada rústica à beira-mar e o rosto lavado (ok, esqueça o rosto lavado) podem ser prazeres cinco estrelas e dar-nos uma nova perspectiva sobre o que é, afinal, uma vida interessante’